UNIDADE I - Interseccionalidade: Raça e Gênero
Aqueles homens ali dizem que as mulheres precisam de ajuda para subir em carruagens, serem levantadas sobre valas e ter o melhor lugar onde quer que estejam. Ninguém jamais me ajudou a subir em carruagens, ou a saltar sobre poças de lama, ou me deu qualquer “melhor lugar”! E não sou uma mulher? Olhem para mim!
Olhem para meus braços! Arei a terra, plantei, juntei a colheita nos celeiros, e nenhum homem podia se igualar a mim! E não sou eu uma mulher? Eu podia trabalhar tanto e comer tanto quanto um homem – quando eu conseguia comida – e suportar o chicote também! E não sou uma mulher? Eu pari treze filhos e vi a maioria deles ser vendida para a escravidão, e quando eu chorei meu luto de mãe, ninguém a não ser Jesus me ouviu! E não sou uma mulher?
Daí eles falam dessa coisa na cabeça… como eles chamam isso? Intelecto. É isso mesmo, querido. Bem, o que isso tem a ver com os direitos das mulheres? Ou com o direito dos negros? Se o meu copo não tem mais que um quarto, e o seu está cheio, não seria maldade não deixar que eu tenha minha meia medida cheia?
Sojouner Truth
A Interseccionalidade visa dar instrumentalidade teórico - metodológica à inseparabilidade estrutural do racismo, capitalismo e cisheteropatriarcado – produtores de avenidas identitárias em que mulheres negras são repetidas vezes atingidas pelo cruzamento e sobreposição de gênero, raça e classe, modernos aparatos coloniais.
As crianças ricas brincam nos jardins com seus brinquedos prediletos. E as crianças pobres acompanham as mães a pedirem esmolas pelas ruas. Que desigualdades trágicas e que brincadeira do destino.
Carolina Maria de Jesus
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) divulgou em março de 2021 um relatório que aborda o Panorama Social da América Latina 2020, esse estudo apontou que o número de pessoas pobres aumentou em um total de 209 milhões no final de 2020, o que representa nesses países as taxas de pobreza de 33,7% e de extrema pobreza de 12,5%.
Nesse contexto explanado ela afirma que “A pobreza tem rosto de mulher” ou seja, podemos verificar que há uma crescente feminização da pobreza no Brasil.
E ainda, se torna contundente destacar o contexto político, com um governo de extrema direita, que privilegia uma política neoliberal de privatizações e de cortes nos direitos trabalhistas, e que atenta cotidianamente contra os Direitos Humanos.
O sexismo é a discriminação ou preconceito pelo gênero de determinada pessoa, um exemplo desse preconceito é o machismo.
O sexismo também está presente na linguagem, na gramática, na política, na economia, enfim, em toda a sociedade.
Se todos são socializados para ser machistas, não poderá essa soci-edade mudar, caminhando para a democracia plena? Este processo é lento e gradual e consiste na luta feminista. Trocar homens por mu-lheres no comando daria, com toda certeza, numa outra hierarquia, mas sempre uma hierarquia geradora de desigualdades. As feminis-tas não deixam de ser femininas, nem são mal amadas, feias e inve-josas do poder masculino. São seres humanos sem consciência do-minada, que lutam sem cessar pela igualdade social entre homens e mulheres, entre brancos e negros, entre ricos e pobres.
“Embora as mulheres em situação de violência estejam mais vulneráveis pelo intenso contato com os autores de violência durante o isolamento social, este isolamento também faz com que mais pessoas estejam em casa durante todo o dia, aumentando a probabilidade de que discussões, brigas e agressões possam ser ouvidas ou vistas por vizinhos.”
A pesquisa digital identificou, portanto, que houve um aumento em 431% de relatos de brigas de casal por vizinhos entre fevereiro e abril de 2020. Isto corrobora a tese de que há incremento da violência doméstica e familiar no período de quarentena, necessário à contenção da pandemia da COVID-19, ainda que este crescimento não esteja sendo captado pelos registros oficiais de denúncias (FÓRUM DE SEGURANÇA).